As marcas queixam-se de incentivos aos carros elétricos serem ainda insuficientes, mas João Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Transição Energética, queixou-se, durante a abertura da Eletric Summit, "dos preços com que as marcas estão a vender os carros elétricos. Estou sinceramente convencido que a tecnologia permite banalizar esse preço e pode fazer com que os preços de venda sejam mais reduzidos".
João Matos Fernandes referiu que há um apoio de 4 milhões de euros anuais desde 2020, mas à medida que a quota de mercado dos veículos elétricos aumenta, é natural que estes apoios decresçam e se foquem nas pessoas singulares. Existem 2,1 milhões de euros para apoiar 700 veículos. Vão ser reforçados em 900 mil euros os apoios para a aquisição de veículos ligeiros de mercadorias elétricos para as empresas.
"Deixamos de apoiar a aquisição de veículos ligeiros para as empresas, porque como podem deduzir o IVA e a manutenção de um carro elétrico ao longo do ano, seja porque o quilómetro é mais barato, fica a cerca de 15 a 20% do preço do quilómetro em combustível fóssil. Já há soluções comparáveis de carros elétricos que são objetivamente mais baratos do que os veículos a combustão se pensarmos no seu período médio de utilização, que são três ou quatro anos. Para os particulares isso não acontece porque não podem deduzir o IVA", afirmou João Matos Fernandes.
Mobilidade elétrica positiva
Acrescentou ainda que "este mercado não pode viver dos apoios, que são fundamentais para as pessoas conhecerem o mercado e fazerem uma nova experiência, mas o que vai banalizar a utilização dos veículos elétricos são as vantagens que têm em termos de ausência de ruído, de emissões e de haver um custo/quilómetro e de manutenção mais baratos, do que num veículo a diesel e a gasolina".
Em termos de mobilidade elétrica, João Matos Fernandes faz um balanço positivo, "tanto no que representa a penetração dos veículos elétricos no conjunto do mercado português, seja na evolução da oferta de carregamentos que existe".
Tudo começou com um projeto lançado pelo governo Sócrates que depois foi interrompido pelo governo Passos Coelho e que foi retomado pelo atual governo. "Retomar é sempre mais complexo do que continuar em velocidade de cruzeiro".
Segundo João Matos Fernandes, foi concluída da rede piloto com pouco mais de 2 mil postos de carregamento pelo país mas com uma concentração maior nas áreas metropolitanas. Além destes tem havido novos postos promovidos por outras entidades como postos de abastecimento, hipermercados, marcas.
"Foram colocados a concursos em conjunto de lotes e tiveram muita procura. Tínhamos um preço-base de 1,5 milhões de euros e tivemos uma receita de 5 milhões de euros, sinal de houve muita procura e concorrência. Agora é só uma atividade de mercado".
"A rede vai-se densificando e o último exercício de investimento público previsto para concessionar nestes postos de carregamento foi de 3,5 milhões de euros que resultam do PES (Plano de Estabilidade Económico e Social). Estamos a criar dez hubs de carregamento em 10 cidades diferentes como Guimarães, Matosinhos, Gaia, Viseu, Coimbra e Leiria e também a criação de 12 postos de carregamento ultrarrápido e espalhados pelo país como Évora, Vila Real, Sintra, Viana do Castelo", disse João Matos Fernandes.
O multibanco da mobilidade
A partir de agora cabe ao mercado desenvolver a rede de postos de carregamento mantendo sempre a estrutura da Mobi-E. Para João Matos Fernandes, "Portugal tem uma situação melhor que o comum dos países pelo facto de haver um só cartão, o Mobi-E, que permite carregar pagando em qualquer posto de carregamento, independentemente com quem tem contrato". É uma espécie de cartão Multibanco para o carregamento elétrico.
"Em relação à penetração e à quota de mercado é muito relevante o que aconteceu", sublinha Matos Fernandes. Em 2015 venderam-se em Portugal 731 veículos e o ano passado mesmo com a quebra provocada pela pandemia de Covid-19 venderam-se 8.137 veículos. Nas contas de João Matos Fernandes, a quota é de "13,8% se somarmos os elétricos e os plug-in e 5,5% nos elétricos. Este ano está a haver uma grande quebra na venda de automóveis, devido à Covid-19, em Janeiro a quota foi de 16% e fevereiro em 17,7%".
O ministro do Ambiente defendeu que se está no bom caminho para chegar a 2030 com um terço das cidades com mobilidade terrestre elétrica coletiva e individual, passageiros e mercadorias, especificando que quando se refere ao elétrico inclui as baterias mas também o hidrogénio e que esta "vai ser uma ótima forma de energia sobretudo para o transporte coletivo".
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